Que culpa tenho eu de gostar de imperfeições, contradições, fragilidades, do não suposto?
Que culpa tenho eu de fugir do esperado, só porque quero ter a certeza de querer estar onde estou naquele momento e isso obriga a um questionar constante?
Que culpa tenho eu que não percebam que não trocava isto por nada, que me sinto genuinamente feliz com a minha vida, comigo e com o que tenho à volta?
Que culpa tenho eu de gostar de pessoas assim, que vivem, que tem histórias para contar, que magoam e são magoadas, inquietas...
Que tem a sobra da dor por baixo de uns olhos que brilham, que as tornam tão especiais, homens e mulheres, velhos e novos.
Reconhecem-se à distância. Tem um brilho especial.
Que culpa tenho eu, de a maioria não ver para além do que lhe mostram?

Para aquecer a manhã

Ain't got no home, ain't got no shoes
Ain't got no money, ain't got no class
Ain't got no skirts, ain't got no sweater
Ain't got no perfume, ain't got no beer
Ain't got no man

Ain't got no mother, ain't got no culture
Ain't got no friends, ain't got no schooling
Ain't got no love, ain't got no name
Ain't got no ticket, ain't got no token
Ain't got no God

What about God?
Why am I alive anyway?
Yeah, what about God?
Nobody can take away

I got my hair, I got my head
I got my brains, I got my ears
I got my eyes, I got my nose
I got my mouth, I got my smile
I got my tongue, I got my chin
I got my neck, I got my boobs

I got my heart, I got my soul
I got my back, I got my sex
I got my arms, I got my hands
I got my fingers, Got my legs
I got my feet, I got my toes
I got my liver, Got my blood

I've got life , I've got my freedom
I've got the life

And I'm gonna keep it
I've got the life
And nobody's gonna take it away
I've got the life

"There once was a little girl who never knew love until a boy broke her heard"

Casa

Já estou em casa.
Tinha saudades de estar em casa.
Neste momento está a trovejar, a chover e o tempo está com uma luz amarela que reflete nos azulejos brancos do terraço e entra pela sala.
Não consigo ver o mar porque está nevoeiro mas sei que ele está lá.
Comprei violentas, porque achei que a minha se sentia aqui sozinha. Entretenho-me a muda-las para vasos coloridos. Tenho os pés gelados.
Apetecia-me um lanche cheio de coisas boas, mas tenho preguiça de ir ao supermercado e não tenho nada em casa.
Acendo a televisão. Apago a televisão.
Volto para as minhas plantas, depois de fazer um chá que foi o que encontrei e que me pode aquecer.
Sinto-me bem. Sorriu e continuo a apreciar o meu dia de folga.

Porto

Afinal nem tudo é mau...
Hoje de manhã estava um sol radioso e eu gosto do Porto.
Gosto mesmo. O sol quando reflete no rio fica prateado.
Os edificios são bonitos e antigos. As pessoas são simpáticas.
O Porto tónico sabe bem no final do dia. E a maneira de falar dos nativos diverte-me.
Hei-de cá voltar revemente só para passear.

Se odeio o frio caraças!

Este ano está a ser bom.

Fiz "A Viagem" porque andava a ansiar à anos.
Fui para o calor onde estavam 29 graus às 9h.
Fui para um sitio onde toda a gente fala baixo. E agradece. E sorri. E é aparentemente feliz. E crente. E respeitador.
Fui felicissima durante 3 semanas.
Incrivelmente acho que a trouxe dentro de mim e apesar da chuva, do vento, do frio, ela permanece cá.

2 meses a tomar anti-histamicos em doses interessantes, pelo menos suficientemente interessantes para me por a dormir às 11 da noite e a não me chatear muito com o que se passa a minha volta. 2 meses a coçar-me que nem um animal, a ficar as manchas vermelhas e cheia de babas.

3 semanas no calor e nada. Nem uma baba. Nem uma dermatite. Nem uma enxaqueca.

Odeio frio. A minha pele odeia frio. A minha sanidade mental odeia frio. A minha conta bancária odeia frio (pela quantidade de merdas que tenho de comprar para conseguir ter uma aparencia/existencia normal).

E amanhã vou para o Porto. 1 semana. Está 1 grau de temperatura minima e 10 de máxima. Vai estar chuva toda a semana.

Foda-se. É nestas alturas que penso que devia ter mesmo ficado lá.
É nestas altura que penso que só vou para o Porto, para poder lá voltar.

À terra de cheiro doce, gente feliz e muito calor.

Bom Ano!

Quanto mais interno, maior
Quanto mais subtil, mais poderoso
Quanto mais simples, mais verdadeiro
O importante não se vê!